Por: Clínica Revalorizar Psicologia ( Avaliação Neuropsicológica – Psicoterapia – Psicanalise – TCC – Psicologia Positiva e Gerontologia).
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento, porém seus sinais podem passar despercebidos por anos, especialmente em indivíduos que apresentam traços mais sutis ou desenvolveram estratégias de compensação ao longo da vida. Por isso, muitos adultos só buscam um diagnóstico de TEA quando enfrentam dificuldades emocionais, sociais ou profissionais que os levam à psicoterapia ou a uma avaliação especializada.
Nesta matéria, vamos abordar como identificar o autismo em adultos, os critérios diagnósticos do DSM-5-TR, a importância da investigação do desenvolvimento infantil e o papel fundamental da avaliação neuropsicológica nesse processo.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
O TEA é caracterizado por dificuldades persistentes na comunicação social e por comportamentos repetitivos e/ou interesses restritos. Essas características podem variar muito de pessoa para pessoa, por isso se fala em “espectro”. Alguns indivíduos podem apresentar dificuldades severas, enquanto outros são altamente funcionais e desenvolvem carreiras bem-sucedidas, mas ainda enfrentam desafios em contextos sociais, sensoriais ou emocionais.
Apesar de os sinais surgirem na infância, o diagnóstico pode ser feito tardiamente, inclusive na vida adulta, especialmente em pessoas com quadro leve ou mascarado por outras condições, como ansiedade social, TDAH ou depressão.
Como identificar o autismo em adultos?
Os sinais do autismo em adultos podem ser mais sutis e, muitas vezes, confundidos com traços de personalidade. Alguns indícios comuns incluem:
Dificuldade em entender regras sociais implícitas ou sutilezas na comunicação (ex: ironia, duplo sentido);
Preferência por rotinas rígidas e desconforto diante de mudanças;
Foco intenso e profundo em interesses específicos;
Dificuldade em iniciar ou manter conversas e relacionamentos sociais;
Sensibilidade sensorial (luzes fortes, sons, texturas, cheiros);
Sensação de ser “diferente” dos outros desde a infância;
Cansaço extremo após interações sociais (“exaustão social”);
Tendência ao isolamento, mesmo desejando conexões sociais.
É importante destacar que esses traços só configuram TEA quando são persistentes, interferem significativamente na vida cotidiana e estiveram presentes desde a infância, mesmo que não tenham sido percebidos ou relatados na época.
Critérios diagnósticos segundo o DSM-5-TR:
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, é uma das principais referências diagnósticas na área da saúde mental. Segundo o DSM-5-TR, o diagnóstico de TEA é baseado em dois grandes grupos de critérios:
Déficits persistentes na comunicação e interação social, manifestados em:
Dificuldade na reciprocidade social-emocional (ex: iniciar ou manter interações sociais);
Dificuldade em usar comportamentos comunicativos não verbais (ex: contato visual, expressões faciais, gestos);
Dificuldade em desenvolver, manter e compreender relacionamentos sociais.
Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, com pelo menos dois dos seguintes:
Estereotipias motoras, uso repetitivo de objetos ou fala;
Insistência em mesmice, rotinas inflexíveis, padrões ritualizados de comportamento;
Interesses fixos e intensamente restritos;
Hipo ou hiper-reatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente.
Além disso, os sintomas precisam:
Estar presentes desde o período do desenvolvimento, ainda que se manifestem plenamente apenas mais tarde;
Causar prejuízo significativo na vida pessoal, social, acadêmica ou profissional;
Não serem explicados melhor por deficiência intelectual ou outro transtorno do desenvolvimento global.
A importância de investigar o período da infância:
É comum que adultos relatando sinais de autismo hoje, tenham tido na infância:
Dificuldades para brincar com outras crianças;
Atraso na fala ou linguagem peculiar;
Interesses intensos por temas específicos (ex: dinossauros, mapas, calendários);
Forte apego a rotinas;
Crises sensoriais diante de barulhos, cheiros ou texturas.
Por isso, a investigação inclui entrevistas com familiares, análise de documentos escolares e observações comportamentais atuais e passadas.
O papel da avaliação neuropsicológica:
A avaliação neuropsicológica é uma ferramenta essencial no processo diagnóstico do TEA em adultos. Trata-se de um exame clínico-científico que avalia funcionamentos cognitivos, comportamentais, emocionais e adaptativos, com base em testes padronizados, entrevistas clínicas e escalas específicas.
Essa avaliação busca compreender:
O funcionamento social e comunicativo;
A flexibilidade cognitiva (capacidade de lidar com mudanças e imprevistos);
O perfil sensorial e emocional;
A presença de comportamentos repetitivos ou interesses restritos;
Comorbidades (como TDAH, ansiedade, depressão);
O nível de funcionamento adaptativo no dia a dia (trabalho, vida social, autocuidado).
Ela permite diferenciar o autismo de outras condições com sintomas semelhantes e traçar um perfil funcional individualizado, essencial para orientar intervenções e estratégias de apoio.
Por que buscar um diagnóstico em adultos?
Algumas pessoas evitam a avaliação por receio de “rótulos” ou por acharem que “já passaram da idade”. No entanto, o diagnóstico pode ser extremamente libertador e transformador. Ele ajuda a:
Compreender melhor a si mesmo e sua história;
Validar experiências de vida que antes eram sentidas como “fora do normal”;
Acessar tratamentos mais adequados (psicoterapia, grupos de apoio, orientação profissional);
Solicitar adaptações no ambiente de trabalho ou acadêmico, se necessário;
Reduzir sentimentos de inadequação e melhorar a autoestima.
Conclusão
O autismo em adultos é uma realidade muitas vezes silenciosa, invisibilizada e, por isso mesmo, negligenciada. Mas isso não precisa continuar assim. Com o olhar certo e uma avaliação neuropsicológica especializada, é possível compreender a fundo sua trajetória, suas dificuldades e também suas potencialidades, abrindo caminho para uma vida mais consciente, leve e autêntica.
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